quinta-feira, 27 de novembro de 2008

pausa poética.

[imagem: devianart.com]

"Enquanto faço o verso, tu decerto vives.

Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.

Dirás que sangue é o não teres teu ouro

E o poeta te diz: compra o teu tempo.

Contempla o teu viver que corre, escuta

O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.

Enquanto faço o verso, tu que não me lês

Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.

O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:

"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".

Irmão do meu momento: quando eu morrer

Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:

MORRE O AMOR DE UM POETA.

E isso é tanto, que o teu ouro não compra,

E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto

Não cabe no meu canto."

Hilda Hilst

(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - Poemas aos Homens do nosso Tempo - XVI)

Um comentário:

Aline Lima disse...

Oba!!! sempre bom compartilharmos palavras... ^^
vida longa ao SER PALAVRA.

p.s.: amei o título da casinha das tuas palavras!=)