segunda-feira, 29 de junho de 2009

insustentáveis levezas.

[imagem: devian.art]

"Tinha lágrimas nos olhos e estava infinitamente feliz por ouvir respirá-lo a seu lado". Seus batimentos tinham agora um ritmo do qual ela ia conhecendo aos poucos a melodia. Naquele momento tudo era cor. Fechava os olhos e via os laranjas-amarelos-azuis-verdes-liláses - dançando por entre suas veias, artérias. O vermelho-sangue-vivo ainda pulsa forte nas veias. Lembrava dos minutos anteriores, onde exploravam os mapas dos corpos, com uma descoberta a cada toque. Desbravando caminhos, iam construindo pontes até chegarem a vislumbrar a aura, a alma. Eram cumplices. Bastava apenas um olhar e alguns silêncios. Não há palavra falada-escrita-pensada que possa traduzir. Outra linguagem, desconhecida - a deles. O cheiro daquelas peles se misturava e criava uma nova essencia. Perfume-humano. Alquimia. Matéria átomos olhares movimento gesto força luz delicadeza. Um tempo fora do tempo, ela pensava, consciente de estar criando uma nova bonita lembrança pra(s) vida(s) inteiras. É-terno. Acordou num sobressalto no meio da noite, do seu sono pesado (também acorda num sobressaltalto durante a luz do dia...). Pensava: 'há de haver um porto'. E continua navegando.

Yann Tiersen - La Noyée

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