domingo, 5 de julho de 2009

o tempo que vem.

[imagem: devianart]

A última vez que te escrevi, lembro bem que junto comigo havia uma rajada dos pensamentos mais confusos pra uma quinta feira a noite. Principalmente quando se trata de um feriado...essa espécie de pausa dramática na correria dos dias. Já faz um tempo. A lua tá enchendo de novo...sei...eu fiquei um pouco detalhista com as coisas do Universo. Depois de algum tempo, inevitavelmente o nó na garganta se vai, as coisas passam, a gente caminha. Não antes sem xingar alguns palavrões, de se perguntar porque a roda sempre gira pro mesmo lugar e questões existenciais como: porque se a galinha tem asas porque diabos não vôa... O Caio Fernando volta com tudo pras minhas mãos e enche algumas noites com as palavras mais bonitas. Ele manda a real sem nenhuma preocupação com nosso órgão vital, casa de sentimentos, o que pulsa e colore: cor-ação. Digno de transformar qualquer "tá tudo bem tá tudo certo" em algumas cabeçadas e inquietações. O Caio me salva. Unhas vermelhas, óculos novos, novas praias e domingos de sol. Você foi comigo, durante algum tempo. Mas jamais da mesma maneira. Desacreditei. E isso faz toda a diferença. Porque nessa caminhada, peço todas as noites, antes de dormir e depois de agradecer, peço pra acreditar. Em quê? Em mim, em ti, no outro, em tudo. Não assim, às cegas, o pedido é detalhado, pode apostar. Na beirinha da praia, com um sol forte iluminando as idéias, sosseguei. Agora apenas me levo. Me banhei nas águas de Dona Yemanjá e pedi pros deuses, pras deusas e orixás, pro universo nos abençoar. Quero escrever as histórias mais bonitas nas linhas da minha mão. Em outras mãos. Compartilhar. Te pego de mote pras minhas palavras pra organizar as idéias. Planejar meus afazeres pra semana, colocar coisas na minha nota mental. Os pensamentos constantes por aqui são outros. Agora, planejo que vou ganhar na mega sena, que vou pro Egito ou Machu Picchu e quem sabe, ano que vem fazer o caminho de Santiago com as queridas que a vida me deu. Posso também plantar umas 175 mudas de Ipê amarelo pra colorir os caminhos e fazer brotar sorrisos das crianças que ainda percebem as cores da cidade. Ou posso simplesmente tirar um dia inteiro pra dormir, talvez sonhar. Não importa que eu não cumpra nenhuma dessas coisas - o importante é seguir como agora: vasta inquietude e um coração tranquilo. Numa felicidade quase clandestina. Coisas do mundo, dessa ou de outra vida.


"O tempo constrói estradas."
[e é assim que é. na estrada.]

Um comentário:

Clarinha disse...

Hummm.. que delicia de texto!!!
amei...
"felicidade quase clandestina"

é bem por aí... me indentifiquei com alguns momentos no meio da história!!!

que bela!!!
beijos