Não sei se você pode (ou deve) compreender, amor meu, mas nesses dias acordei com uma sensação diferente: senti que eu era uma folha de papel em branco.
Calma, há explicação: por mais que o papel esteja ali, aparentemente intocado, há toda uma história anterior, desde quando a bendita árvore foi um dia semente. Mesmo assim, um papel em branco lembra um vazio. Ele está lá, cheio de vazio, repleto de possibilidades.
Simples e complexo. Tanta tanta coisa. E mesmo assim sereno.
Nesse papel cabe o mundo: ultrapasso as margens, corro um risco, experimento um traço. E dessa vez, sem pressa. Percebo cada milímetro e continuo aqui.
Talvez isso não faça nenhum sentido, talvez faça, talvez você corra longe, talvez eu esteja chegando perto.
Na verdade, Hilda Hilst diz algumas coisas infinitamente melhor que eu:
Calma, há explicação: por mais que o papel esteja ali, aparentemente intocado, há toda uma história anterior, desde quando a bendita árvore foi um dia semente. Mesmo assim, um papel em branco lembra um vazio. Ele está lá, cheio de vazio, repleto de possibilidades.
Simples e complexo. Tanta tanta coisa. E mesmo assim sereno.
Nesse papel cabe o mundo: ultrapasso as margens, corro um risco, experimento um traço. E dessa vez, sem pressa. Percebo cada milímetro e continuo aqui.
Talvez isso não faça nenhum sentido, talvez faça, talvez você corra longe, talvez eu esteja chegando perto.
Na verdade, Hilda Hilst diz algumas coisas infinitamente melhor que eu:
Se te pareço
noturna e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim,
como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas,
nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra...
Olha-me de novo.
Com menos altivez.
E mais atento.
noturna e imperfeita
Olha-me de novo.
Porque esta noite
Olhei-me a mim,
como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse
escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas,
nem tocar a margem.
Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra...
Olha-me de novo.
Com menos altivez.
E mais atento.
P.s: 1-não existe coisa melhor do que encontrar os melhores companheiros de caminhadas, amigos, irmãos, traças-comparsas, enfim... =P
2- já olhaste a lua hoje?!
2- já olhaste a lua hoje?!
4 comentários:
Cara crinça... que lindas palavras!
Que vc coloque no brancor dessa simples folha todas as possibilidades de felicidade, todas!
A Hilst é demais pro meu coração. Uma flecha, certeira.
Tudo lindo.
Tudo certo, até que façamos o contrário e, roda a vida, outras possibilidades e o papel e seu brancor estará sempre ali, aqui, acolá pronto.
Uma prontidão, dessas que não nos deixam sozinhas. Ele é todo doação.
Bons rabiscos no caminho!
Senti o papel em branco como a vida a ser escrita. Bjs, Monicatt linda.
um papel em branco e tão visível para olhares sensíveis. eu vejo teus escritos!Certamente, ele verá e ficará, porque é terra! bj
É realmente um desafio esse papel em branco!
Bjos, mulheres escrivinheiras! :)
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